Histórias de eventualidades, improbabilidades, bicharadas, noitadas e coisas do arco da velha que de alguma forma me acabam sempre por acontecer. Crónicas diárias com a matilha, muita bicharada à mistura, muita música e sempre com um humor caústico como muita gente gosta de o caracterizar.

30/06/2008

O berbigão, o S. Pedro e os carrinhos de choque


Depois da inauguração da inauguração da Feira de S. Pedro em Porto de Mós, que foi uma seca como todas as inaugurações, não obstante a comidinha. Mas ainda assim o calor estava insuportável e como política é algo que me passa completamente ao lado ... Ainda pior. No entanto, como representante dos Pedras Soltas sempre fizemos o galhardete ao senhor presidente.
À noite foi melhor. Como as tasquinhas ainda estavam mortinhas fui com uma amiga e os rebentos levar os filhos a andar de carros de choque. Para ser sincero nem sei o que estava a pensar, ser guiado por uma miúda de 12 anos. Verdade seja dita que saí de lá com os rins rebentados e com meia dúzia de cabeçadas dadas no varão.
O resto da noite foi passada na conversa a beber umas fresquinhas nas tascas da festa de S. Pedro.
Domingo foi dia de praia com almoço cinco estrelas e ainda deu para aprender algumas coisas sobre o Brasil. Assim, nunca chamem a uma rapariga brasileira, rapariga e nunca perguntem "De que zona do Brasil és?", considerem-se avisados. À tarde foi estar estendido na areia a ler o meu livro, que por sinal é extremamente deprimente, é um livro excelente, mas que é pesado como o raio é. As minhas reviews são sempre tão eloquentes, mas vejam por vocês, o livro chama-se Desgraça e é do Coetzee.
Para recuperar nada melhor que uma pratada de bons berbigões e uma cervejinhas no Fado Liró. Só para matar as saudades.

O cã

Depois de um dia de praia, a preparar-me para a banhoca que iria tirar o sal e areia de partes mais intímas, reparo em algo que à partida nem prestei atenção, mas que me chamou a atenção depois. Um cabelo branco, ainda me pus a olhar a ver se não era golpe de vista, ou um qualquer cabelo loiro ou ruivo no meio das minhas fartas madeixas, mas não era mesmo um cabelo branco. E lá estava o gajo a espreitar como quem diz "Muitos parabéns, otário!". Arranco o gajo para me certificar que era mesmo um branco e sim, a suspeita confirma-se, é mesmo um branco. Sem saber se o atiro para a sanita ou o guardo num frasquinho de álcool fico a olhar para o gajo entre os dedos.
Como se já não bastasse os trinta a aproximarem-se a passos largos, ainda por cima começam a aparecer os cabelos brancos. Não que eu tenha muita preocupação com a minha aparência (que não tenho) como a minha barba de 15 dias de desleixo muitas vezes atesta para desespero dos meus conhecidos. Mas aquele cabelo branco parecia um balde de água fria. "Estás a ficar velho", pensei, algo que já desconfiava há algum tempo mas que a minha vida "boémia" recusava aceitar. Depois tentei minimizar a coisa, pensar no aumento dos combustíveis, do custo de vida, na fome no Quénia, no massacres do Rwanda, coisas assim para meter um cabelo branco em perspectiva, mas não, a imagem de cabelos brancos a despontarem quais cogumelos em Outono não me abandonava.
"Muitos parabéns, otário", foi a prenda de anos antecipada que vai ficar para a memória.

29/06/2008

Cara Nova

Como já devem ter reparado o blog está com carita lavada.
Espero que gostem.

18/06/2008

Culto do 80



Uma excelente cover do Bob pela Tracy Chapman - Three Little Birds

Of melody pure and true, singing sweet songs ...

15/06/2008

O pingo


É inevitável, vem este tempo e eu acabo sempre por perder as mantas a meio de uma noite de verão e acordar gelado com a garganta que parece o motor de uma Zundapp 3. Adiciona-se o nariz a escorrer e a cabeça a doer e temos um fim de semana em que praticamente não se sai de casa. Já a planear um sábado em que não faria muito apareceram por casa os habitués. Os putos! Sim, esses protagonistas já muito conhecidos deste blog. E como aturar 4 miúdos entre quatro paredes com a cabeça zonza é tarefa praticamente impossível, e porque eles já vêem perfeitamente decididos sobre o que querem fazer não muito mais há que fazer do que aceder aos seus caprichos. Lá foi a matilha em direcção ao sítio do costume para mais uma caçada. À cata das cobras lá seguimos nós armados de água com fartura. A caçada deu resultado já que encontramos uma Natrix maura linear, um Malpolon monspessulanus adulto, uma Rhinechis scalaris e lagartos sortidos. Depois com a matilha já cansada (minto, comigo já cansado porque eles ainda estavam para as curvas) volta-se para a minha famosa omelete de atum com queijo que lhes faz as delícias. E quando digo para as curvas estão literalmente para as curvas. O que vale é que tenho sempre um rasgo de inspiração nestes casos. Jogamos às escondidas, eu conto e eles escondem-se. Isso dá-me tempo de fumar um cigarrito, ir à casa de banho, ver um bocadinho de TV enquanto eles continuam escondidos. É brilhante na sua simplicidade e eficácia. É claro que dá sempre azo a algumas risotas como quando a um dos que contam lhe pedem para contar até trinta e ela muito indignada diz que só sabe contar ainda até 10. "Conta três vezes até trinta", responde o chico-esperto o que me faz largar um sonora gargalhada. À noite, reunião Pedras Soltas que se prolongou até tarde mas que foi bastante produtiva.
Domingo foi passado no escritório e enrolado no sofá indeciso se tinha frio ou calor (a febre é gira não é), pelo caminho ficou o visionamento do jogo num sítio público (também não perdi nada) e a feira medieval da Batalha. Oh well, haverão outras oportunidades. Agora vou-me meter na cama com o Haruki e o seu "Kafka à beira mar" a chupar uns rebuçaditos peitorais Dr. Bayard. A ver se esta semana é mais calminha e menos bipolar que a anterior.

13/06/2008

Tudo é definido, tudo é limitado, tudo é cousas

E quando pensava que já não havia mais pérolas de Caeiro, eis que o Público traz este inédito.

Gosto do ceu porque não creio que elle seja infinito.
Que pode ter comigo o que não começa nem acaba?
Não creio no infinito, não creio na eternidade.
Creio que o espaço começa numa parte e numa parte acaba
E que agora e antes d'isso ha absolutamente nada.
Creio que o tempo tem um principio e tem um fim,
E que antes e depois d'isso não havia tempo.
Porque ha de ser isto falso? Falso é fallar de infinitos
Como se soubessemos o que são de os podermos entender.
Não: tudo é uma quantidade de cousas.
Tudo é definido, tudo é limitado, tudo é cousas.
Alberto Caeiro

Transcrição de Jeronimo Pizarro
A minha transcrição favorita das três.

08/06/2008

As vozes misteriosas


Este fim de semana foi bom!
Não deu para fazer tudo o que queria, mas isso nunca dá. Tinham de inventar dias de 48 horas (hmmm, se calhar mudar para a Islândia, se para tal não implicasse gelar os tintins).
Sábado começa com limpezas de Primavera, por a tralha velha fora para arranjar espaço para a tralha nova. Depois, visita de amigas que se esqueceram de avisar que não vinham para ficar, ainda assim deu para algumas risotas do costume. Depois uma corridinha com os bobbies na Paiã. Chegar a tempo de uma power nap antes de começar a ver o grandioso jogo da selecção (e que belo jogo foi). Fazer o jantar e serviço na ACR para acabar de ver o jogo e os golinhos. O resto da noite foi passada entre mines e as bebedeiras dos outros que nesta altura já eram mais que muitas. Ah e jogos da sueca, dizem que a sueca é um jogo mudo. Não faço ideia de quem foi o parvo que inventou isso. Quando saí já Vénus ia alto e cantavam os rouxinóis.
Domingo foi passado no concerto do Coro Nacional de Rádio e Televisão da Bulgária, com o espectáculo, "O mistério das vozes Búlgaras" em Torres Novas.

Um pequeno cheirinho do que tivemos direito. Os anjos se fossem mulheres cinquentonas cantavam assim. Ouve espaço para tudo, umas risadas, lágrima no canto do olho (para citar o grande Bonga) e ficar em pele de galinha. Recomendo vivamente. Não vai deixar a minha playlist durante algum tempo.
Amanhã, vou fazer o jantar a casa de amigos. A ementa vai ser uma salada grega para começar, seguida de uma carbonara deliciosa e para finalizar waffles com gelado de oreos e morangos, isto tudo claro acompanhado de um belo Esteva! Vai ser bom!

04/06/2008

O nascimento

E o que é melhor que uma Matilde? Duas Matildes. A família Costa já está maior com um pequeno grande membro nascido ante-ontem. Com 4,040 kg, a mãe sobreviveu e estava toda feliz da vida e bem pedrada sem dúvida da morfina que lhe tinham dado para as dores da cesariana.
Quatro quilos e quarenta gramas é obra. Bolas.
Matilde, apresento-te o Mundo. Mundo, esta é a Matilde.

03/06/2008

A rota do milho

No domingo passado encerramos com chave de ouro o ciclo de percursos interpretativos e de divulgação que temos andado a fazer. Ou seja andamos a mostrar a Serra de Aire e Candeeiros com base nos três produtos tradicionais fundamentais, o azeite, o milho e o leite(pastorícia). No domingo foi a vez do leite, depois de um início atribulado em que preguei um cagaço tremendo aos presentes com mais uma das minha inevitabilidades (para não lhe chamar outra coisa), lá fomos nós ordenhar as cabrinhas, visitar a ordenha mecânica, o algar da Bajanca e do Cofelo, a Lage da Ligeira e a capela da Cabeça das Pombas. Após o almoço ainda deu para dar um pulinho à Lapa dos Pocilgões para encerrar em grande o passeio. Peripécias houve muitas. Mas essas ficam guardadas para quem foi e para mim, o monitor da actividade. Mas alturas houve em que me tive de rir à gargalhada. O pior mesmo da coisa foram os Speedy Gonzalez do grupo que só queriam era andar e chegar ao fim. Mas pronto, não se pode ter tudo.
Aqui ficam algumas fotos.











Fotos da autoria do amigo 13.