Mas os atlas valem por outras razões mais fortes.
Em Portugal há um enorme déficit de naturalistas. De pessoas que gostem de andar por aí e que registem o que vêem. Parte será porque somos mesmo assim, mas parte resulta da insuportável arrogância de grande parte da nossa academia que trata tudo o que seja informação "wiki" como lixo. E isso é muito evidente na área da biodiversidade, com excepções com certeza, e até bastantes e cada vez mais, onde a praga das citações vem tornado uma tortura a leitura de documentos da academia sobre a biodiversidade.
Raros são os textos simples, directos, com informação de campo que reflictam a distância da racionalidade necessária e a proximidade da emoção inevitável que definem os bons naturalistas.
Ora os atlas, para mim, deveriam ser o intrumento central do registo organizado da informação produzida por toda a gente e, sobretudo, pela sua simplicidade de objectivos ("ver" ou "não ver" uma coisa) e pelo facto de serem processos de mão de obra intensiva no campo são o mais poderoso instrumento que conheço de formação e integração de novos naturalistas.
IN http://ambio.blogspot.com/2008/12/atlas.html
4 comentários:
Tenho de dizer que não concordo nada contigo.
Portugal possui um número enorme de naturalistas (qualquer que seja a tua definição), que por motivos profissionais, lúdicos ou pessoais conhecem o nosso património natural e difundem esses conhecimentos. Independentemnte do nível a que se opera, seja na wikipedia, seja a defender teses de doutoramento, essa informação e conhecimento tem de ser de qualidade, reproduzível e necessariamente avaliado por outras pessoas. Senão, de nada vale. Informação dúbia, do diz que disse e não confirmada, essa sim é lixo.
Todos os artigos, trabalhos e afins publicados no meio académico estão estruturados para funcionar a esse nível, que podem ir desde ao pormenor das moléculas aos ecossistemas e são essencialmente instrumentos de trabalho para quem os trabalha. Para quem está de fora, é normal que pareçam insípidos.
Nos últimos anos, tem havido também uma disseminação de conhecimento, quer em quantidade, quer em qualidade, nos nossos meios académicos associada à net.
Mas é necessário fazer a ponte para o público. E nos últimos anos também tem havido um esforço de publicar atlas, guias e outro tipo de publicações dirigidas a um grupo mais vasto da população. Os atlas que referes são mesmo a pontinha do iceberg; só ver (e importa sempre saber como as coisas são vistas, são precisas metodologias) ou saber quantos indivíduos existem numa dada área é ínfimo. E acredito que a divulgação de aspectos da biologia, comportamento, reprodução, evolução e inter-relação dos diferentes animais atraia muito mais pessoas para o "naturalismo" e que se venham a integrar as suas fileiras como profissionais ou como interessados.
Desculpa a resposta longa mas estas questões melindram-me um pouco ;)
Reparei agora que era uma citação de outro blog e mesmo tendo em conta quem o escreveu e as suas ligações a esta área, continuo a não concordar nada com o que foi escrito.
Desculpa lá, levaste por tabela!
Coloquei aqui esta citação por um simples motivo. Em Portugal a maioria dos naturalistas que se dedicam à fauna para não dizer praticamente quase todos centram-se na avifauna, sendo que os restantes elementos da nossa fauna, como no exemplo os répteis e anfíbios são relagados para um plano secundário.
Em Portugal que literatura para além do Guia Fapas (com todos as incorrecções que tem) e do livro do Malkmus que é praticamente impossível de encontrar e custa os olhos da cara, existe?
Além do mais muitas vezes são relatos destes naturalistas de bolso (os agricultores e as pessoas que trabalham na terra, uma espécie em vias de extinção) que permitem localizar populações que nem sequer se sabiam existir.
Daí achar que em Portugal toda a literatura acessível ao grande público e que não existe é essencial.
Mas é necessário fazer a ponte para o público. E nos últimos anos também tem havido um esforço de publicar atlas, guias e outro tipo de publicações dirigidas a um grupo mais vasto da população. Os atlas que referes são mesmo a pontinha do iceberg; só ver (e importa sempre saber como as coisas são vistas, são precisas metodologias) ou saber quantos indivíduos existem numa dada área é ínfimo. E acredito que a divulgação de aspectos da biologia, comportamento, reprodução, evolução e inter-relação dos diferentes animais atraia muito mais pessoas para o "naturalismo" e que se venham a integrar as suas fileiras como profissionais ou como interessados.
Plenamente de acordo. :)
Tu e a bicharada :-)
Venho deixar-te um abraço , e dar nota do meu novo posto:
http://mrcosmos.blogs.sapo.pt
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