Domingo é dia Santo, até aqui não há novidade. Tenho este hábito de que se for Domingo esforço-me ao máximo para não fazer nenhum, contudo como a maioria dos meus planos, este também costuma sair logrado.
O fim de semana foi atribulado entre duas festas de anos, o serviço no clube, a chegada da tia dos USA e o casório não deu tempo para estar quieto. Sábado vocês já sabem como correu, vamos lá então ao Domingo.
Acordo eu de madrugada (eram 11 da manhã) algo que para mim ao domingo é quase inédito nesta altura, no verão costumo acordar ainda mais cedo, quando me arrasto para fora da cama, bocejo, faço o xixi matinal (demasiados pormenores?) e tomo a minha pílula mágica de tiroxina. Enquanto espero que o comprimido faça efeito, sento-me na varanda e sou de imediato atacado pelos sacos de baba e pêlo ambulantes, enxoto-os, mas não surte efeito, já que eles voltam para vários novos rounds (nesta altura já tenho baba de cão por todo o pijama) eventualmente eles fartam-se, possivelmente desidratados pela perda massiva de baba e arroxam também por ali. Passa o período de espera e vou tomar um banho.
De seguida, vou para a festa de anos, e perguntam vocês? Qual a maneira mais fácil de alimentar e entreter meia centena de adultos? (pergunta que os leitores assíduos desta crónica já sabe a resposta à bastante tempo) Quem respondeu porco no espeto acertou em cheio. Algumas sandochas de porco depois e alguma conversa sobre o estado da nação (que inevitavelmente é, impostos, combustíveis e benfica em ordens alternantes) já estava bem mais acordado. Não fosse o tinto misturado até se poderia pensar que seriam conversas deprimentes, o certo é que até nem foram.
Canção de parabéns depois e já estava eu aqui a planejar a minha saída com pezinhos de lã para uma power nap de meia-hora. Chego a casa a pensar, "Enfim paz" quando o meu irmão cheio de lama da cabeça aos pés começa a berrar "Eh pá, foi espectacular. O percurso foi cinco estrelas e há fotos fenomenais!" ele que costuma ir andar de moto 4 com os amigos no domingo de manhã (porque é que alguém haveria de fazer isso em vez de ficar a dormir é algo que me ultrapassa). Aceno com a cabeça e disparo um "Tens de me mostrar as fotos depois!" em jeito de despachanço.
Já aninhado no sofá, com um filme da TVI a correr, daqueles que em 5 minutos nos põem a dormir como o menino jesus nas palhinhas, quando toca o telefone. "Olha, era só para te lembrar que estás de serviço no clube. Não estavas esquecido?", "Eu? Claro que não!", menti eu olhando tristemente para o meu sofá que nesta altura parecia cada vez mais apetecível, "Lá estarei às 9!". Corri para o sofá, a fazer contas de cabeça, ora bem se dormir uma horita ainda consigo por o sono em dia, quando me deito batem à porta. Largo uma carrada de asneiras e venho ver quem é. Era a tia dos USA, que já não via desde o ano passado, põe-se a conversa em dia, fala-se dos primos que por lá ficaram, entretanto chegam mais pessoas, que arrasam por completo a chance de haver uma sesta decente. Resignado lá continuei eu a por a conversa em dia, preparado para quando sair dali ir directo para o serviço no clube.
O que vale é que nestes dias em que os jogos de futebol acabam às 9 o pessoal sai todo para jantar antes de eu chegar, ficam eu apenas com meia dúzia de clientes, dois ou três a beber café e uma mesa de jogadores do desporto oficial da freguesia, a Sueca e quem estava à espera que falasse no levantamento de cervejas fique a saber que esse é um mero passatempo do desporto oficial. Pouco tempo depois tinha o café vazio. Fecho as portas a horas decentes e vou para casa a sonhar com os meus lençóis já mais que apetecíveis. E assim, termina o dia em que desejei que não se passasse absolutamente nada e em que não parei quieto.
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