Ontem um amigo meu alertou-me para uma notícia no Público. O título da notícia era "Conheça os 10 anfíbios mais estranhos (e nojentos) do mundo". Ora bem, não podiam escrever a mesma notícia sem mencionar "nojentos"? O artigo até já o conhecia porque era a tradução de outro que já se encontra online. E até achei muito bem a divulgação. Mas porque raio têm de usar estes epítetos infelizes.
Indignado escrevi o seguinte mail:
Exmo. Sr.,
é com um misto de contentamento e tristeza que vejo na edição do
Público de 30 de Janeiro de 2008 um artigo sobre os anfíbios em vias
de extinção.
Contentamento porque considero que estes animais não têm a atenção
devida, já 32% das espécies de anfíbios se encontram em vias de
extinção e têm muito menos divulgação que as aves (12% em vias de
extinção) ou os mamífero (23% em vias de extinção). Assim toda a
informação adicional que se possa passar para a população é
agradecida.
Agora, não entendo é o porquê de num artigo sério e de grande
importância seja necessário o uso de epítetos tais como "Nojentos".
Porque não "interessantes", ou "em perigo", ou "misteriosos". Presumo
que o objectivo seja a venda de um maior número de jornais apelando à
curiosidade que muita pessoas têm pelo bizarro e desconhecido, contudo
este tipo de ideias apenas serve para perpetuar o estereótipo errado
que muitas pessoas têm pelos anfíbios. Que são nojentos, que causam
verrugas e outro tipo de histórias da carochinha.
Em vez de chamar a atenção para a necessidade de preservação e
conservação destes animais que cada vez mais estão tão ameaçados pela
perda de habitats, por doenças e por alterações ao seu meio natural,
procura-se o choque fácil. Francamente não me parece um tipo de
jornalismo muito correcto e para mais um tipo de jornalismo que
esperasse de um jornal como o Público.
Assim, com votos que entendam o meu ponto de vista e que este tipo de
situações sejam evitadas no futuro, despeço-me,
Samuel da Costa
Amphibio.Org