Histórias de eventualidades, improbabilidades, bicharadas, noitadas e coisas do arco da velha que de alguma forma me acabam sempre por acontecer. Crónicas diárias com a matilha, muita bicharada à mistura, muita música e sempre com um humor caústico como muita gente gosta de o caracterizar.

04/08/2008

O massagista


Que eu era um rapaz de muitos dons já vocês sabiam, mas agora pelos vistos tenho mais um. Agarro na minha nova Nikon D40 caso alguma oportunidade se deparasse no meu caminho e lá vou eu até a casa da minha avó para mais um fix. Para quem estranhar a expressão saiba que a minha avó tem um vício grande em mim e muito tempo sem um fix provoca sintomas como telefonemas a horas aleatórias cujo o conteúdo invariavelmente passa por "Então netinho, tá tudo bem? Já estou cheia de saudades tuas. Passa por cá amanhã.", com voz invariavelmente trémula. Ora esta situação tem-se agravado com a sua fractura tripla no passado mês de Dezembro.
Assim, lá fui eu de câmara às costas armado em paparazzi de pintassilgos, a caminho da minha velhota. Chego e encontro a velha coxa (como eu afavelmente a chamo), a ser esfregada com álcool, é engraçado que para quem tem mais de 60 anos o álcool esfregado é cura para quase todas as maleitas, desde o reumático, aos bicos de papagaio passando pelas lombalgias e afins.
"Porra, tens as mãos ásperas", sai disparado quando entro porta a dentro, queixava-se ela do esfreganço que o meu tio lhe dava.
Ora, eu armado do meu volumoso conhecimento em medicina (para a minha geração o nifluril ocupa o mesmo nicho que o álcool ocupa para a geração>60), agarro no nifluril e digo, "Chega-te para lá" e quem conhece a geração >60 sabe que dormem com camisa de dormir e combinação (a etimologia do nome não perguntem), peço para retirar a combinação e a camisa de dormir ao que recebo "Eh, mamas já tu vistes muitas!", ora sabia eu lá que a minha velhota dormia sem sutiã?!? Ao que respondi com um "E hei-de ver!" para disfarçar o embaraço. Espalho o nifluril na mão ao que recebo um "******* tá frio!", dou uma gargalhada e continuo a massajar os músculos doridos da distensão e a desfazer os nós que iam naquelas costas peço que se doer em algum momento me avise.
Depois da sessãozinha de massagem improvisada, digo-lhe para se deitar na cama de barriga para cima, ajeito o cobertor, dou-lhe uma beijoca na testa e dou as boas noites (não sem antes tirar umas fotitas da minha velhota aninhada nas cobertas) "Amanhã volto cá para mais uma massagem!", ao que ela responde "Volta que tu tens as mãos mais meigas!". Saio com mais uma gargalhada e digo um "Até amanhã.".
No dia seguinte lá tinha uma mensagem no atendedor de chamadas, "Olha, não te esqueças de mim." e sorri para dentro.

1 comentário:

Ana banana disse...

olha olha, o gajo tem jeito para as massagens e não dizia nada a ninguem...:p

tinhas me dado jeito há uns anos atrás, na altura em que eu caía do cavalo, dia sim, dia talvez....:p