22/09/2007
Tabernas
Tenho saudades das tabernas, não das que por aí andam que não passam de cafés de má-qualidade e tentam passar por taberna.
Tenho saudades das autênticas taberna, daquelas que servem vinho tinto ao copo, que têm sempre um armário em cima do balcão onde se juntam vários pires com comida típica de tabernas, ele é os queijos secos, as punhetas de bacalhau, as petingas embebidas em azeite, os ovos cozidos, sem faltar os passarinhos fundamentais.
Têm vários papeis presos por garrafas de licores exóticos que se acumularam durante anos, depois da novidade ter passado. O que os papeis dizem é invariavelmente o mesmo "Há Pipis", "Há pica-pau". Pelas paredes acumulam-se também calendários com beldades nuas ou crianças a brincar em paisagens alpinas, com publicidade aos clientes aos quais o taberneiro não teve a coragem de dizer que não, os cartazes dos bailaricos da terra e os editais a chamar os jovens da terra para a recruta.
Depois num recanto interior, há a sala de jantar. Os pratos não costumam ser muito elaborados, mas são sempre bem guarnecidos. A carne cozida é o clássico. Toda a taberna que se preze tem sempre carne cozida pronta a sair, os restantes pratos já vão mudando de dia para dia conforme a disponibilidade no talho ou se é dia de vir o peixeiro, desde os molhinhos, às queixadas de porco, à língua de vitela estufada, ao tradicional bacalhau.
É claro que hoje em dia isto é muito difícil de encontrar, ou são snack-bars, ou cafés, ou restaurante. Já ninguém tem a coragem ou a dignidade de assumir que é uma taberna, com tudo o que traz. O próprio nome taberna já tem uma conotação negativa. Ninguém diz que vai a uma taberna, ou vão a uma tasquinha, ou um restaurantezinho.
Sabe-me bem encontrar uma taberna, ainda as há por esse Portugal a fora, podem estar disfarçadas de snacks-bars ou de tasquinhas, outras há que assumem de coração que são tabernas que quando pedimos marisco nos trazem um pratinho de tremoços, são essas que fazem falta, afinal as tabernas mais que um lugar de convívio são uma instituição, cada vez mais em vias de extinção graças as ASAE's e à vergonha de beber o vinho a copo.
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