Histórias de eventualidades, improbabilidades, bicharadas, noitadas e coisas do arco da velha que de alguma forma me acabam sempre por acontecer. Crónicas diárias com a matilha, muita bicharada à mistura, muita música e sempre com um humor caústico como muita gente gosta de o caracterizar.

30/12/2008

Bom Ano!



Um clássico da Disney para desejar a todos um Bom Ano e que serve para resolução de Ano Novo.

28/12/2008

O vento


E o vento à meia-noite da Noite de Consoada estava a soprar de sudoeste segundo o fiel fumo do meu cigarro já que a brisa mal se sentia. Se a tradição se concretizar vamos ter um ano bem molhado. Amanhã vou buscar o Lunário Perpétuo, já encontrei uma livraria que o vende. Finalmente vou ter uma cópia deste livro tão conhecido que há 50 anos atrás era o único que rivalizava a bíblia nas casas das pessoas aqui da serra.

Os Natais

Para quem estranhar o título e me garantir que Natal há só um por ano, ou que é sempre o mesmo, cada vez estou mais convencido que não. Natais há cada vez mais e cada vez mais diferentes. Este Natal foi passado num ambiente introspectivo em que quem me conhecia estranhava e perguntava se estava doente ou se estava com alguma "crise". Ao que eu respondia que a única crise que tinha era a que todos têm que é a falta crónica de dinheiro!
Nesta minha introspecção apercebi-me dos muitos Natais que andavam à minha volta. Normalmente o primeiro costuma ser o Natal da empresa em que temos o natural amigo secreto para troca de prendas e o almoço de Natal (que mais parece de almoço de gala). A minha empresa deve ser um pouco anormal porque toda a gente sai sempre estranhamente sóbria e normal sem os outros abusos que ouço falar em outras empresas. Pode ser que é por estarem os familiares directos presentes, mas isso não seria desculpa já que o jantar para funcionários também é estranhamente sóbrio. Tem tudo um ar ligeiramente alheio, como se este almoço e/ou jantar fosse mais uma obrigação profissional que propriamente uma ocasião de recreio. Se calhar é por passarmos a maior parte das nossas vidas actuais juntos?
Depois temos o Natal familiar, que também tem vários sub-natais. Há o Natal das crianças, que se pode considerar o Natal clássico, com a abertura de prendas, a ansiedade da meia-noite, a troca de prendas, as fotos, os doces, os beijinhos, ... Enfim tudo o que se pode esperar de um Natal em família.
Depois temos o Natal dos anciãos que entre a alegria de verem os mais novos escondem a lágrima de medo de que se calhar este será o último Natal que passam com os seus mais caros.
Temos ainda o Natal dos adultos, este é estranhamente bipolar, se por um lado estão felizes de estarem entre os amados, por outro são assombrados pela lembrança dos que já partiram ou poderão partir e dos que por um motivo ou por outro não podem estar presentes. E que não conseguem deixar de notar a tristeza de alguns dos amados.
É um Natal agridoce se por um lado as memórias dos amados aquecem o coração, as saudades deixam um travo amargo na boca como se tivéssemos bebido uma qualquer bebida licorosa.
Por fim temos o Natal dos amigos, aqueles amigos que já ultrapassaram a fronteira da amizade e se tornaram uma segunda família, aquele a quem contamos coisas que não contamos à própria família e a quem não damos prendas de Natal porque as coisas estão más e o dinheiro é mais bem empregue numa garrafa de Favaios e toda a terapia que ela traz.
Mas em todos os Natais, há uma coisa em comum, a esperança que para o próximo estejamos todos juntos a celebrar quem de bom temos na vida.

18/12/2008

Boas Festas



Judy Garland - Merry litle Christmas
Embora a vontade de celebrar o Natal seja pouca, mas assim não posso deixar de desejar um feliz natal a todos os fiéis leitores da minha crónica.

16/12/2008

BD

Andava eu à procura de um tratamento para o mouth rot de uma das minhas cobras quando dei de caras com esta pérola.

15/12/2008

O carrossel dos esquisitos

"Porque é que não me posso dar com pessoas normais?", esta é uma frase muitas vezes repetida pela Catita, às vezes fico a pensar no mesmo. A maioria dos meus amigos têm uma panca qualquer. Ou ele é a bicharada, ou um hobbie mais estranho e se não é um hobbie é os maneirismos ou o background.
E pegando ainda no post da amiga mega em que falava de popularidade, esta gente era os freaks, os nerds, os geeks, os anormais com o nariz enfiado nos livros, os asmáticos das aula de educação física, os que eram levados ao poste com regularidade pontual ou que levavam carolos no totiço apenas "porque sim".
A verdade é que esses tótós de ontem são os adultos de hoje, e são as pessoas mais interessantes que conheço, são os que se consegue ter uma conversa sem ser sobre a novela da TVI ou o motor do novo BMW. Têm uma vida interessante, muitos ainda sem saberem muito bem o que querem ser quando forem grandes embora já estejam nos trinta mas continuam à procura. A maioria têm empregos que embora paguem bem para a média do país, fariam o dobro ou o triplo se trabalhassem noutro país.
As pessoas normais ganham entre 400 e 700€, trabalham das 9 às 18, vêem o Preço Certo, discutem o próximo capítulo da novela da moda, lêem a revista Maria.
E amiga Mega, os populares do secundário, as misses Escola Secundário de Vai que Já Lá Ficas, os bonzões com as miúdas todas atrás deles. Esses levam vidas desinteressantes, como recepcionistas, caixas em supermercados ou serventes de pedreiro (embora ganhem mais que eu) com 1,8 filhos e uma station wagon da Volkswagen e passam férias no AlLgarve.
Faz-me lembrar este anúncio da Apple (marcas à parte):



Este ano, vou beber uma mine pelos esquisitos!

Barulho bom



Clint Mansell & Kronos Quartet - Lux Aeterna
Do excelente filme "A vida não é um sonho" ("Requiem for a dream"), embora agora apareça em tudo o que é trailers por aí.

A semana que aí vem!

Tenho a sincera impressão que esta semanita que aí vem me vai correr bem. Acordei com um humor estranho para uma segunda-feira de manhã. E não é que estou de bom humor? E não não tomei nenhum dos "happy pills". Ainda me faltam comprar algumas prendas e vou gastar um balúrdio na escritura da casa mas que se lixe. Sou teso mas feliz.
Prendas que já estão aviadas:
- Miúdas e miúdos: viva o Imaginarium e as consolas e para quem se queixa que os jogos de consolas são caros comprei 2 na Amazon.co.uk por 10€! AH! Com portes ficaram em 15€.
- Os pais já têm a prenda que teve de ser adiantada porque o raio do Ringneck queria sair do ninho.
- O mano que levou uma prenda multiusos (ou seja daquelas que o mano mais velho também vai usar).
- Os amigos que vão levar com uma carrada de fotos (e viva o snapfish.pt) e outros com material da Arquivo que é possívelmente a melhor papelaria de Leiria mas nunca lá estou que não me sinta um intelectual pedante. Bem ao menos a companhia é boa.
- Os avós vão corridos a Mon chéri e Ferrero Rocher, menos o manel que tem de levar com chocolate adequado a diabéticos.
O fim de semana foi bom, com o tempinho que estava não fiz um corno, nada, rien, nyet, nepes, menos o pulinho que dei à expo-salão para ver a expo-animal ou lá como se chama este ano e a reunião que tive na sexta-feira dos Pedras Soltas. Já tinha saudades de não fazer um corno.

14/12/2008

Seguidores

Yay, o meu blog tem um seguidor. A gaja! Obrigado gaja, não fosse por ti pregava aos peixinhos!

09/12/2008

Na cama com .... ele

Depois de algum namoro e da minha antiga cafeteira estar quase a dar o peido mestre. Decidi investir num ultra-compacto. Como o Mac Air para além de ser uma obra prima é caro como o car****, optei pela melhor escolha a seguir, um Asus eee pc 1000h.
Agora estou a escrever estas palavras deitado na cama de papo para o ar com esta pequena maravilha da tecnologia, a ouvir uma pianada qualquer que me mandaram no MSN.
Aaaaah, esta é a vida!

Perderam-se os três, encontraram-se os cinco


Já chegaram à conclusão que eu só escrevo sobre os meus fins-de-semana? Bem, se não chegaram deviam. Eu sei que deveria voltar aos moldes iniciais e divagar sobre o LIDL, sobre o trânsito e outras coisas que inúteis. Mas com tanto para escrever há sempre alguma coisa que fica para trás.
Assim, para não fugir à tradição aqui fica o resumo do fim de semana. Sábado à tarde, almoço da empresa, que basicamente se resume a comer como um alarve e não beber nada porque nestas alturas anda meio-mundo na rua. Como se já não bastasse a falta de álcool para tornar a coisa suportável ainda tinha de fazer tempo até à festa de anos surpresa que seria no sábado à noite. Visitam-se umas lojas para fazer mais umas compras de Natal e comprar a prenda de aniversário à boa maneira portuguesa.
Depois foi o aglomerar da malta para ir para a festa de anos de ficava algures no entre não sei bem onde e para lá do Sol posto. Mas em caravana lá fomos para uma bela festa surpresa com umas empadas que jazuz só de pensar nelas já estou com água na boca.
Domingo foi ressaca de uma noite deitada tarde, em que francamente não me lembro muito bem do que fiz, mas não deve ter fugido muito do levantar-me da cama para amoxar no sofá. À noite juntaram-se os cinco menos um para uma jantarada no chinês, já fazia algum tempo desde que estávamos todos juntos e sem gajas à perna. Comi a minha massinha de arroz da praxe, bebeu-se um verdinho fracote e conversou-se muito.
A conversa foi no mínimo interessante, com muito avacalhanço à mistura (que fazia corar a prostituta mais experiente) seguida de um reavivar da tradição de ir até ao Texas e acabar em karaoke no palco a cantar o I'm a believer, um clássico da música moderna da tribo magnífica. Depois acabou-se em casa do x a comer pevides, beber umas mines e o moscatel da praxe e a falar das nossas maleitas. Eram umas cinco da manhã quando arroxei de cansaço, os outros continuaram na cavaqueira, quando acordei já eram horas de pequeno-almoço e ainda estavam os rapazes na conversa. Fui-me embora para aproveitar ainda 3 horitas de sono até ao meio-dia. O resto do dia como de esperar foi passado a vegetar no sofá a ver um filme catástrofe na TVI sobre tubarões a atacar seres humanos devido ao aumento da poluição, entre pequenas dormidelas.

03/12/2008

Top 10 Albums played
Within Temptation - The silent force
DeVotchKa - How It Ends
Within Temptation - Mother Earth
Various - Little Miss Sunshine (2006)
Los Campesinos! - Hold On Now Youngster...
Within Temptation and The Metropole Orchestra - Black symphony [cd 1]
Clint Mansell - The Fountain
Various - Juno OST
Devotchka - A Mad & Faithful Telling
Spiritualized - Songs in A&E


De acordo com o mediamonkey isto é o que tenho ouvido ultimamente. Ao menos não apareceu Celine Dion à mistura. Dava cabo da minha reputação ...

02/12/2008

AVISAN 2008


Mais uma exposição passada, mais 4 dias de corrida para trás e para a frente. Entre cobras, lagartos, cães, ratazanas e outras criaturas tais.
Encontrei algumas caras familiares, outras que não conhecia, e outras que passei a conhecer. Andei de um lado para o outro a correr entre explicação de manutenção de cobras, sexagens de tartarugas, dois dedos de conversa com este e com aquele, algumas demonstrações ao pessoal que tinha medo de cobras. Chegaram-me a dizer que segurar o rabo de uma cobra era como segurar o dedo de uma pessoa morta, eu ainda respondi que preferia segurar uma cobra a um dedo de uma pessoa morta, e ainda estive para perguntar onde raio tinha ele segurado o dedo de uma pessoa morta, mas calei-me, o gajo era estranho.
Agora faltam-me recuperar horas de sono perdido. Exposições só para o ano! Como expositor? O tempo o dirá, mas o mais provável é ficar bem quietinho no meu canto. Acho que 7 exposições já chegam e sobram de longe. Da ACR já dei baixa, três aninhos de serviço acho que já é muito bom.
Agora para o ano dá-se início a um novo ciclo. O que trará não se sabe. O que se espera é que os projectos que tenho em mente se realizem!
Ah, e lembram-se do rapaz que encontrei na expo-salão, com deficiências físicas? Que ficou fascinado com as pequenas cobras? Pois é, foi esteve lá também. E levou uma belíssima Okeetee. Boa sorte com a tua nova cobra, rapaz.
Para terminar o fim de semana em beleza? Segunda de manhã, enquanto fumava um cigarro na varanda e gelava os tomates ao frio começou a nevar, não foi muito, não durou muito, mas deu para matar saudades.

25/11/2008

Culto dos 00



Devotchka - How it ends
(Re-)Descoberta, para quem não conhece pensem na OST do Little Miss Sunshine

Espeleólogo de superfície e desenhos rastejantes

E é oficial, sou o primeiro espeleólogo de superfície (se bem que isto soa mais a insulto que a outra coisa). No Sábado deu-se a inauguração do Grupo de Espeleologia de São Bento (à frente denominado GESB), um grupo de malta porreira de vários pontos do país com um interesse comum, buracos! Eram várias associações (AES, GPS, NEALC, NEUA, Pedras Soltas, ..., desculpem se me esqueci de alguma) com o objectivo de fazer uma speleo party e investigar o complexo Alecrineiros. O pessoal bem me puxava para descer um buraquito, mas nem tinha equipamento, nem formação, o que bem visto até nem seria um problema com a quantidade de profissionais que por cá andavam, mas deixei para uma outra altura já que não vinha minimamente preparado, nem comida, nem roupa, nem nada além do mais ainda tinha uma festa de anos nos Amiais de Baixo (o dom da ubiquidade necessita-se). À noite foi a reunião do grupo no ponto de encontro, seguido de um jantar no Constantino ao qual me baldei, já que o frango do meio-dia ainda cacarejava no estômago e pelo que me contaram com o desfile de mines que se seguiu acho mesmo que o frango vinha parar cá fora. Fica aqui uma foto tirada do final(conhecido) da cavidade conhecida mais profunda de Portugal.

Foto tirada por: Pedro Robalo

Domingo foi dia de me encontrar com a psamophis para uma revisão das ilustrações. Ora a nossa relaçao não é exactamente pacífica (aliás acho que é tudo menos isso) então foi turras sobre Viperas que mais pareciam natrix e cobras com o estranho sindroma de não terem pescoço e aberrações cromáticas do scanner (esta foi a mais bonita) por entre discussões (fucsia não é cor, é roxo!). Mas foi castiço, ainda consegui uma carrada de literatura científica para ler e deu para passar um bom bocado. Afinal não é todos os dias que se usada a palavra supra-ocular e croma na mesma frase!
Mas pronto, ainda há-de vir o round dois e muitas mais turras a ser dadas. Psamophis quero o teu autógrafo!!!

Autora: D.Falcão

20/11/2008

As prendas

Para a malta se queixa que eu sou uma pessoa que é difícil de comprar prendas, dou-vos aqui uma ajuda preciosa. Na barra ao lado têm a lista de prendas que eu gostaria de ter. Ah, o Defender está no topo, por isso vaquinhas para o comprar são sempre bem-vindas.

19/11/2008

A portagem


Só a mim, só a mim é que acontecem estas coisas. Estava eu em casa num belo sábado à tarde com muito para fazer mas com pouca vontade de o fazer quando penso "Vou até Lisboa levantar o prémio do concurso de fotografia.", porque com o Natal à porta, a espeleo e sabe-se lá mais o quê não faço ideia de quando terei mais um fim de semana livre para fazer o que quer que seja.
Se bem o pensei melhor o fiz. Ora, o prémio era crédito na loja no valor de 150€ (nada mau) então sentia-me como um puto na manhã de Natal, com tanto para ver que nem sabia para onde me virar. Escolho meia dúzia de coisas, entre os quais dois ratos de laboratório, que pensei oferecer às miúdas.
Puz-me a caminho de volta a casa, quando paro nas portagens de Torres Novas olho para o lado e vejo o filho da p*** do rato empoleirado em cima da caixa a olhar para mim feito otário. Considerando a perspectiva de ter um rato à solta no carro a roer-me os estofos e a fiação eléctrica da viatura agora no c***** pelo rabo e entrego o MB e o ticket da portagem rapidamente à senhora que diz "Que giro, um hamster." ao que me calei, imaginando os gritos histéricos se lhe dissesse que era mesmo um rato.
Ora com aquele corropio todo, de receber o ticket e o MB tento-me lembrar de um sítio seguro para guardar o rato, já que a caixa onde tinha vindo estava fechada com fita-cola (o FDP roeu um buraco num dos respiradouros), penso "bolso do casaco", agarro no rato com a outra mão e o filho da p*** dá-me uma ferroada no dedo ao que larguei o bem grande "FOD****", ao que a senhora perguntou "Mordeu?", enquanto eu só me apetecia espetar com a merda do rato contra o volante do carro e acabar já ali a história, mas não fosse a senhora acusar-me de assassínio de hamsters engoli em seco e enfiei o rato no bolso enquanto a gaja ria. Agarrei no MB e no recibo e parei no parque das portagens para meter os dois ratos no bolso, não fosse o outro fugir também. E lá fui eu para casa com dois ratos no bolso e um dedo a pingar sangue.
Deve ser giro ser daquelas pessoas que estão nas portagens.

17/11/2008

Copper jacking (leva hífen?)


Nas grandes cidades têm o car jacking, nós aqui na aldeia temos o copper jacking (sim, porque isto dito em americano tem mais charme). Será que o cobre está assim tão valioso para que um ou dois paspalhos se arrisquem a subir meia dúzia de postes de electricidade para cortar os cabos se arriscarem a ficar electrecutados? Já para não falar do tralho que podem mandar de lá abaixo.
Enquanto isto continuo sem electricidade em casa com os restos mortais dos cabos pendurados no telhado ... Porque é que estas coisas nunca acontecem quando estou por casa? Ia buscar a pressão de ar (sim, porque eu sou um pacifista) e fazer tiro ao alvo às perna dos FDP montados no poste de electricidade. Com sorte caiam e escavacavam-se todos, mas sortia mais efeito que queixa à polícia e liberdade condicional passadas duas semanas. Assim gramavam no hospital com umas quantas cirurgias ortopédicas e uma convalescença de vários largos meses duvidando muito que voltassem a subir a mais postes, mais não sendo pelos rebites no joelho que acumulavam estática arriscando-se a um esticão que tão cedo não iriam esquecer.
Mas o que vale é que sou um pacifista. Se não fosse ...

14/11/2008

Culto dos 90



The eels - Novocaine for the soul

A urgência


Ainda no domingo, já bem cansadito da caminhada e com uma fomeca já bem notada. Chego a casa para encontrar visitas, o meu avô e o meu tio-avô. Alguns dedos de conversa e mais tarde chega a minha futura afilhada acompanhada pelos pais, pelo que o o jantar ia sendo adiado cada vez mais.
A barriga já roncava quando recebo o telefonema, "A tua avó não se está a sentir bem.", e lá vou eu a correr para a encontrar lívida e a vomitar como a fonte das 3 bicas. Pergunto o que se passa (para além do óbvio) ao que me responde que tem um "moedoiro na virilha, que não há meio de passar e que já vomitou tudo o que tinha a vomitar e que agora vomita umas cordas amarelas" sic .
Ligo para a linha saúde 24, onde depois de me fazerem algumas das perguntas mais estranhas que já algumas vez ouvi me dizem que é melhor ela ser observada e que vão encaminhar o caso dela para o hospital.
Agarro no carro, pego na minha mãe e lá vou eu a caminho das urgências pensando, bem é dia de clássico, aquilo vai estar vazio. É claro que não estava. Estava a abarrotar de gente. Como já tínhamos o processo da linha 24 lá, foi só entrar. Adivinhando uma loooonga espera vim para a rua fumar um cigarro lento enquanto espreitava pela janela o resultado do jogo. Uma hora depois queixa-se-me a minha mãe "Já estou a ver as luzes." algo que para o filho de alguém que tem enxaqueca há anos já sabe que a aura é o primeiro sinal de uma enxaqueca terrível. Agarro no cartão dela e envio-a para as urgências também, afinal estávamos no hospital ao que ela me responde "O quê, agora vou lá para dentro eu também?", respondi com um pronto "Preferes penar aqui na sala de espera?" que teve como resposta um olhar que só dizia "Bem visto.". Vários cigarros depois e findo o jogo ainda penava na sala espera sem previsão de quando me iria embora "Fez análises à urina, está à espera de resultados ...", "Está a soro ..." eram coisa que não adiantavam nada. Entretanto roubava uns sonos de 5 minutos na sala de espera, descobri que consigo dormir sentado, ou moxado dependendo do ponto de vista.
Algumas horas depois começo a ouvir, "Aquela senhora devia entrar", "Ela não se está a sentir bem", "Alguém havia de ver o que se passa", "Ela que vá fazer a inscrição", qual coro de tragédia grega mas ninguém se mexia, ninguém se queria dar ao trabalho. Fui ter com a senhora e perguntei o que se passava. Era uma senhora já de 84 anos com rugas que escreviam uma vida pouco meiga, estava aflita porque a filha de 57 anos tinha entrado e não sabia nada sobre ela. Pedi-lhe os dados da filha para ir ao gabinete de informações expliquei que não a conhecia nem sabia a que horas tinha entrado, se me podia dizer alguma coisa para acalmar a mãe. A mãe mesmo com os seus 84 anos ainda estava rija, mas não habituada a viagens tão longas, estava enjoada e não conseguia vomitar. Disse-me que tinha trazido o jornal entre soluços e suspiros, ao que pensei que tinha trazido o jornal para ler na ambulância o que explicaria o enjoo, mas não a senhora trazia uma folha de jornal enrolada presa na cintura da saia, sem dúvida uma mesinha caseira para impedir o enjoo (acho que continuo a preferir a dramamina). Contou-me que tinha posto uma pilha há três meses, que me pôs a pensar no que raio ela quereria dizer... Aparelho auricular não era visível, foi então que me assaltou o pensamento, PACEMAKER!
Já com o meu coração aos pulos pedi-lhe o cartão de utente para fazer a inscrição nas urgências, ao que ela me respondeu que não mo dava, pois a filha tinha dado entrada a vomitar sangue e ela não a queria afligir mais. O auto-sacrifício da senhora comoveu-me, mas ela tinha de ser vista, urgentemente. Disse-lhe com voz segura "Não se preocupe, a sua fila não a vai ver nem vai saber de nada. É só ser vista por um médico e depois pode voltar a esperar aqui". Com a voz mais calma disse-me que não tinha trazido o cartão, mas que tinha trazido o saco com o conteúdo do vómito da filha, o que não sei se me deixou doente de imaginar ou da ingenuidade da senhora. Corri para a recepção e expliquei o caso. A recepcionista pediu-me o nome e a localidade, ao que respondi que não sabia. Afinal de contas era uma desconhecida na sala de urgências. Fui-lhe pedir o nome, mas a recepcionista não o conseguia encontrar. Com a data de nascimento lá conseguimos chegar. A senhora cujo o nome já não me recordo cada vez estava em pior estado. Expliquei a urgência e não tardou a ser chamada. A custo levei-a em ombros para a triagem onde um médico e uma enfermeira assistiam impávidos.
"Vou vomitar, vou vomitar." gritou a senhora, ao que pedi por um saco. A enfermeira olhava para mim como se fosse o meu dever suprir o saco. Olho em roda e agarro no primeiro que vejo, um de 50 litros para material de hospital, entretanto ela salta da cadeira e diz "Use antes este. É melhor.".
"Urinei-me", diz a senhora cada vez em pior estado. "Eu tenho de lhe pagar. Ajudou-me tanto." disse enquanto remexia na mala à procura da carteira. Eu disse para deixar estar, que se a situação fosse ao contrário ela teria feito o mesmo. "Mas tenho delhe dar qualquer coisa.", ao que respondi "Shhh, preocupe-se em melhorar."
Expliquei a situação à enfermeira e deixei a senhora à sua sorte.
O ar cada vez mais frio e a noite mais profunda, quando saiu a minha mãe das urgências, "A avó vai ficar. Eram pedras nos rins. Já está melhor, mas querem mantê-la para observação.". Saímos estrada fora pela madrugada exaustos dos eventos que se tinham passado. A senhora desconhecida da sala de urgências já estava melhor segundo informação da minha mãe. Eram 4 da manhã quando chegamos, nessa manhã fiquei na cama a descansar.
Às 8 da manhã recebemos a chamada, "A senhora Joaquina já teve alta. Podem vir buscá-la.". Desta vez foi o meu pai que me deixou ficar mais umas horas no descanso.
Detesto Urgências.

Relatos atrasado de um fim de semana com muitas visitas


Não sei porquê ultimamente parece que tenho tido uma aversão a fins de semana sem fazer nenhum. Não porque não goste, até porque ficar num domingo à tarde a ver um bom filme ou a meter as minhas séries em dia acompanhado de um balde de pipocas é impecável (e não estou a falar dos filmes que passam na TV, como o enésimo Sozinho em Casa ou a trigésima nona repetição de Armaggedon ou outro qualquer disaster movie). Quando penso que é desta que vou aproveitar para anhar (expressão muito usada por mim para vegetar no sofá) aparece sempre qualquer coisa ou alguém.
Assim, vamos lá fazer um resumo alongado do que foi o fim de semana passado.
Sábado, servi de cicerone a duas herpetólogas com o vício dos anfíbios (e quem conhece este mundo sabe que herpetólogas que gostam de anfíbios é tão raro de encontrar como uma fogueira na Antárctica). Como estavam a passar férias de conclusão de Mestrado aqui pertinho (congrats na conclusão do mestrado), deram um pulinho aqui à Serra para uma saída de campo de observação de anfíbios. A tarde até foi produtiva, com muitos waltls grandes à moda da serra, as omnipresentes perezzi, uma Natrix que fugiu e muitas gallaicas que resgatamos da cisterna do costume. Ainda andamos à cata de pygmaeus mas era muito cedo na temporada e ainda não choveu que bastasse. Ficaram para uma próxima visita assim como a Fôrnea. O dia foi acabado na inevitável Maria dos Queijos para um lanche ajantarado à boa maneira da maria, com muitos queijinhos, chouriça assada e uma morcelinha impecável. A companhia era muito agradável e o dia passou-se que foi um instante. Fotos não tenho, porque alguém cujo o nome não vou mencionar ainda não mas enviou ... mas prometo que assim que as tenha as coloco aqui. Voltem sempre raparigas, é sempre bom discutir Alytes, Pelobates e Pelodytes ao jantar (e estou mesmo a falar a sério).
Domingo, mais uma roda, mais uma viagem, desta vez era a patareca e a sócia nº 2 que vinham conhecer a serra, a elas juntaram-se a Lou e a Banha e claro mais um membro da matilha. Depois de visitar a zona da bajanca, onde fomos sem querer chatear uma Titus alba que estava a dormir num algar, prosseguimos viagem para os pocilgões onde fomos obrigados a eutanasiar um tordo chumbado sem qualquer possibilidade de recuperação, bem ao menos não sofreu mais. De seguida já ao pôr do Sol seguimos para a ligeira onde as senhoras gajas já não viam a hora de chegar. A pergunta da ordem era "Já chegamos?" ao que eu respondia "Sim", daí a cinco minutos repetia-se a pergunta sempre com a mesma resposta.
Encontramos ainda muitas vacas e muitas cabras pelo caminho que serviam de modelos fotográficos à nossa patareca que se fartou de lhes tirar fotografias e encontramos ainda uma cavidade não nomeada. Eu ainda sugeri o nome "Buraco da Patareca", mas a patareca não estava muito entusiasmada com tantos espeleólogos a visitarem-lhe o buraco por isso vou ter de arranjar uma nomenclatura alternativa. O que é pena, pois eu gostava do nome "Buraco da Patareca".
Paramos ainda em casa da avó da Lou para comprar uns queijinhos secos, mas infelizmente ela só tinha dos frescos que acabou por nos oferecer.
Quando acabou a viagem já vínhamos iluminados pelo quarto-crescente que se levantava no céu. Pensei vou para casa que ainda tenho muito para fazer, mas para variar o meu fado seria outro. Mas isso fica para outro post, que este é só das passeatas.

Lampyris noctiluca a comer um caracol

Paisagens da Serra

Lagarta não identificada (era enorme)

Mais outra não identificada (lagartas não são o meu forte)

O Buraco da Patareca (denominação provisória)

Cabras malévolas

Vista na Lapa dos Pocilgões

O sujeito fotográfico favorito da Patareca

11/11/2008

Culto dos 00



Múm - Green Grass of Tunnel
Nome estranho, mas a música é bonita.

Fins de Semana passados com morcegos e aranhiços

Metellina merianae

Saco de ovos de Meta bourneti
Meta bourneti

Espeleotema - Couve-flor ou coral das Grutas

Lepidóptero sp. desconhecido

O tecto é alto

Morcego grande de Ferradura (Rhinolophus ferrumequinum) Que continuou a dormir enquanto andávamos por lá com pezinhos de lã.



Mosquito (género desconhecido)

Mais Meta bourneti



E por último, mais espeleotemas.


Para variar os miúdos adoraram a lição de geologia, mas o morcego e as aranhas foram os reis da festa!

07/11/2008

Natrix maura "bilineata"


Esta cobrita tem uma história! A cara amiga psamophis que está a fazer um livro de ilustração científica sobre as cobras autóctones (yes!) precisava de uma Natrix maura "bilineata". Ora eu já tinha visto uma a rondar um laguito na paiã, mas na altura não tinha a máquina comigo (para variar nunca aprendo).
Ora num certo dia de outono andava eu com a matilha nos nosso passeios quando demos de caras com a mesma maravilha mas desta vez dentro do charco. Ora a única forma de a apanhar era ir para dentro de água! Arregaço as calças, tiro os sapatos e as meias, e salto para o charco qual Crocodile Dundee para apanhar uma besta de 50 cms. O afilhado, que tem uma fixação por água maior que a minha husky, repete os movimentos e ala atrás de mim para dentro do charco. Depois de uma luta desenfreada, muitas mordidas e rebolanços na água (mentira, foi só por a mão e agarrar) apanhei a bicha para uma sessão fotográfica que iria servir de referência à ilustração no futuro livro. Enquanto tirava fotos e era atacado por uma miríade de carraças minúsculas que me tentavam chupar o sangue (detesto carraças) o afilhado continuava dentro do charco a perseguir as desgraçadas perezzi que lá se banhavam, até ter pisado uma pedra com aresta mais viva e feito um rasgão no dedão grande do pé.
Ainda traumatizado com a última sessão de sutura na cabeça vi que o corte não era profundo, enrolei uma meia para estancar e sangramento e lá fomos até a casa para os primeiros socorros. Agora cada vez que vamos a algum lado vai sempre um kit de primeiros-socorros comprado onde? No Lidl claro está!
O resultado talentoso da ilustração encontra-se no canto superior direito do post e os créditos vão todos para a psamophis. Mal posso esperar que saia o livro!




A cabeça da morte

Uma traça que passou aqui por casa a caminho de zonas mais quentes.





Acherontia atropos


Um traça que gosta de vocalizar para afastar os predadores (o vídeo é que não está grande coisa).