Histórias de eventualidades, improbabilidades, bicharadas, noitadas e coisas do arco da velha que de alguma forma me acabam sempre por acontecer. Crónicas diárias com a matilha, muita bicharada à mistura, muita música e sempre com um humor caústico como muita gente gosta de o caracterizar.

25/05/2008

As vacas e a primeira comunhão

Calma, calma, não vou insultar ninguém. Vou apenas falar do fim de semana que se passou. O sábado foi passado por casa, a ajudar os pais a cuidar de todos os animais da quinta, das vaquinhas, das cabritas, das ovelhas, enfim de toda uma panóplia de animais. Cuidar da bicharada da quinta é algo de terapêutico, depois de passar uma semana encafuado nas mesmas quatro paredes, é bom cuidar destes bichos. A sério que é, ajuda a por as coisas em perspectiva. Cá a vida é muito mais simples. E para quem detectar um traço de saudosismo bucólico, é verídico, ele existe mesmo. Costumo dizer que se tivesse nascido à 100 anos atrás seria pastor. Ah, isso é que era a vida, andar com as cabras atrás, com os cães a rondar-me, um velho livro amarrotado na sacola, os cães aos pulos atrás dos caprinos e a lutar contra lobos. É romântico, não é? Hmm, agora que penso nisso acho que já sei como vou passar a reforma, o mais provável é que seja num qualquer lar de idosos a definhar numa cadeira e a cagar nas fraldas, mas é bom pensar que não.
O resto do dia foi passado por casa, a cuidar do resto da bicharada. Descobri da maneira mais óbvia que afinal as minhas duas kings são um casal, quando lhes limpava o terrário, e fui dar com as duas na macacada. Continuaram nisto durante 15 horas non-stop e quem pensar que esta performance rivaliza a do Ron Jeremy, lembrem-se que são cobras.

Porn de cobras

Domingo foi passado na primeira comunhão do meu afilhado. A mãe tinha-me pedido para ir (já que o senhor prior queria os padrinhos presentes) ao que eu perguntei "Tenho de me confessar? Se sim, não ponho lá os pés.", ela com o seu bom humor característico respondeu "Não, se tivesse também não punha lá os pés.", com as condições acertadas (é bom conversar com alguém no mesmo cumprimento de onda), lá apareci às 11 e um quarto, madrugada portanto, para a celebração. Mas o coitado do miúdo está tão traumatizado comigo que não consegue olhar para mim sem se escancarar a rir. Sabendo disto passou a celebração toda a olhar para todo o lado menos para mim com medo de largar uma careta mais sonora. É verídico que a minha promessa de lhe fazer caretas durante a missa pode não ter ajudado, mas também é verdade que o padre estava mesmo à minha frente e não lhe podia fazer careta nenhuma sem ele ver (como se isso me impedisse). Mas enfim, desta já escapou, mas ainda falta a profissão de fé e o crisma *riso maléfico*, eu sei, sou cruel, mas o que se há-de fazer?
Depois de um almoço bem regado com um vinho caseiro alentejano, seguiu-se a preparação do próximo passeio Pedras Soltas, ou seja 3 horas a pé, por entre vales e montanhas, rochas e muito mato. Mas foi bom e a companhia agradável. E ainda deu para ver algumas espécies mais emblemáticas da nossa fauna. Como a cobra rateira enorme que tirei debaixo de uma pedra ao que a minha amiga soltou um "HIIIIIII" aterrorizado, "é enorme", ainda lhe estive para dizer que o tamanho não importava mas sim o que se faz com ele, ou que era só a cabecinha, mas achei que não era necessário já que o momento falava por si.
A seguir foi uma reunião fantasma, com pessoas que nunca apareceram (adoro ficar uma hora à espera depois de 4 horas a pé e a cheirar a cavalo).
Depois casa, para uma banhoca e uma sesta antes do jantar.

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