Histórias de eventualidades, improbabilidades, bicharadas, noitadas e coisas do arco da velha que de alguma forma me acabam sempre por acontecer. Crónicas diárias com a matilha, muita bicharada à mistura, muita música e sempre com um humor caústico como muita gente gosta de o caracterizar.

11/05/2008

O castelejo


Sábado à tarde com muita coisa para fazer e pouca vontade parti para a aventura. Juntei a matilha e lá fomos nós a caminho de um dos segredos mais bem guardados das redondezas, o Castelejo. Uma zona aqui pertinho mas que ainda não tinha explorado com pés e cabeça. O dia estava ventoso e com uns aguaceiros que nos obrigavam a abrigar ou na escarpa ou no espinheiro mais próximo. Com o dia assim tão mau nunca esperei encontrar muita bicharada. Na verdade esteve longe disso, entre perdizes, coelhos, raposas, algumas cobras que aproveitavam as raras nesgas de sol para fazer a digestão e as omnipresentes orquídeas.
O primeiro achado foi uma Hemorrhois hippocrepis (Cobra de ferradura) que foi afugentada pelos meus espalha-brasas (leia-se cães) antes de poder chegar até ela. A seguinte não teve tanta sorte. Uma bela Coronella girondica (Cobra bordalesa) que estava demasiada gorda para fazer uma fugida apressada. Tinha um belo rato na barriga e isso permitiu-me agarrá-la rapidamente para a delícia de todos os presentes. É claro que apanhei uma trincadinha da praxe. Mas nestas lides e sem luvas é inevitável. Acho que de certa forma até faz parte do charme.

Pose

Na mão e até nem esperneava muito.

A trinca da praxe.

De seguida fomos investigar as "cascalheiras" da região, conhecidas pelo seu conteúdo de fósseis. Esta também se revelou uma busca proveitosa com algumas rochas que revelaram algumas inclusões. Uma é especialmente interessante com um osso (omoplata?) de um roedor ou pequeno carnívoro(?) claramente visível. A minha tese sobre a formação destes fósseis tem a ver com a geologia da região. A região é conhecida pelas suas inúmeras grutas e cavernas. Ora os animais caem nestas cavidades e são arrastados para o interior da gruta onde são calcificados pela acumulação de calcite. Quando as brechas se desmoronam estas perdas são desfeitas deixando o seu conteúdo claramente visível (se se souber onde procurar). Deixo aqui a foto. Vejam se conseguem descobrir o osso?

O resto do percurso foi feito com calma, a fugir de aguaceiros, com os cães a pular de um lado para o outro e a ver as orquídeas que nos acompanharam no percurso todo.
Ainda não identificada.

Anacamptis pyramidalis
O resto do fim de semana foi dentro da normalida. Café com os amigos no Sábado (quando devia de estar noutro lado para pronto, o dom da ubiquidade ainda é um dos poucos que me faltam) e no domingo foi o aniversário do maninho que andava de mau humor depois de ter partido o motor da mota. Enfim, o costume ...

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