Histórias de eventualidades, improbabilidades, bicharadas, noitadas e coisas do arco da velha que de alguma forma me acabam sempre por acontecer. Crónicas diárias com a matilha, muita bicharada à mistura, muita música e sempre com um humor caústico como muita gente gosta de o caracterizar.

31/03/2008

Culto dos 90



Massive Attack - Teardrop
Acho que todos conhecem este música. Mas de qualquer forma aqui fica o registo.

A hora


Este fim de semana mudou a hora. Preciso sempre de uns dias para me habituar a estas coisas. Acho que o governo criou esta mudança na hora para mostrar a quem nunca andou de avião durante longas viagens a que sabe o jet lag. Assim para mim foi como se me tivesse deitado às duas da manhã e me tivesse levantado às 6. O dia arrastou-se com longos bocejos acompanhados de muito esfregar de olhos e algumas idas à casa de banho lavar a cara. Não que eu não goste do horário de verão, porque gosto. Assim já posso ver o sol sem ser só de manhã. Mas custa-me a adaptação.
Para ser justo, não foi tudo devido à mudança da hora. As festas da Pascoela da territa também fizeram mossa. Sexta, sábado e domingo é dose. Infelizmente devido à p*** da medicação não pude beber umas mines valentes, que conseguem tornar qualquer bailarico numa experiência suportável. Assim passei o resto da noite a recusar amavelmente as mines que apareciam. "Mas de certeza que não queres? Olha mais fica!", ora f******-se, eu querer até queria, mas depois do efeito da segunda mine se bebesse uma terceira adormecia de tal forma que só me acordavam com uma injecção de epinefrina à la Pulp Fiction.
Mas enfim, ainda deu para ver alguns amigos que já não via à bastante tempo, pôr a conversa em dia e ajudar os meus vizinhos já que eram eles a organizar a festa desta vez.
Ah, e a ginjinha da Lu era de beber e chorar por mais. Mas para variar aqui o cortes só pôde beber dois míseros copitos.

29/03/2008

A garfa


Estava eu sentado na varanda, a atazanar a vida aos meus cães, depois de uma noite curtinha devido à farra, quando me apercebo do zumbido. Ainda pensei se seria alguma planta em flor e que as abelhas andavam na sua azáfama do mel, mas não, não havia planta nenhuma que justificasse tal zumbido. Depois lembrei-me, deve ser o meu vizinho que anda de volta das colmeias, o que até nem é incomum, andarem as abelhas num corropio porque lhe andam a assaltar o mel. Continuo a saborear o meu cigarro e a atazanar os cães quando o número de abelhas aumenta, neste momento já eram centenas no ar e lembrei-me, uma garfa, é uma garfa!
Nesta época do ano, as abelhas começam a criar novas rainhas que por sua vez abandonam a colmeia levando consigo parte da mão-de-obra para colonizar novos territórios (algo que muitos apicultores não lhes agrada porque enfraquece a colmeia mãe). Fiquei de olho nas abelhas, sabendo que iam pousar por ali perto. Assim aconteceu e aterraram todas num cacho bem pertinho de onde moro. Vou espreitar e lá estava o cacho de abelhas penduradas num galho. Para quem não sabe, uma garfa é o nome dado a este enxame secundário que abandona a colmeia principal.
Agarro na máquina fotográfica e aproveito para tirar umas fotos ao meu achado que nesta altura já tinha pousado e se preparava para pernoitar. Ligo para o meu amigo que é apicultor e pergunto se ele quer aproveitar a garfa, ele diz que sim e pouco tempo depois lá estava com o seu cortiço (colmeia artesanal feita com cortiça). Agarramos num punhado de abelhas e empurramo-las lá para dentro, algum tempo depois já só tinham ficado algumas da parte de fora e já estavam as abelhas todas contentes na sua nova casa temporária.
E para quem ache que é preciso ter tomates de ferro ou uma tendência masoquista para agarrar um punhado de abelhas, fiquem a saber que as abelhas enxameadas (que andam à procura de nova casa) são extremamente dóceis, vêm cheinhas de mel. Não que não seja possível apanhar uma ferroada (que acabou por acontecer) mas só aconteceu porque a apertei um pouquito de mais e ela se sentiu assustada. De resto andavam calminhas a proteger a sua rainha e agora estão na casa nova.
Já há algum tempo que não apanhava uma garfa, e os meus dias de apicultor já lá vão (em que ajudava o meu vizinho). Por isso soube-me mesmo bem encontrar esta pequena maravilha.



27/03/2008

Os pais

Havia de existir um teste de aptidão à paternidade/maternidade!
(e não estou a falar dos meus, esses até fizeram um excelente trabalho, fim de desabafo)

24/03/2008

Os quadradinhos


Os quadradinhos foram/são uma paixão já antiga. Tudo começou com a Turma da Mónica e do Cebolinha. Bastavam-me dar um livro destes para me entreter por horas a olhar para os desenhos e a tentar ler o que cada um dizia. Depois mudei para a Disney, com os seus Hiper-Disney, calhamaços versão paperback dos mangas japoneses com dezenas e dezenas de histórias e era ver-me horas a fio agarrado a ler as aventuras do Donald, da Vovó Donalda, dos escuteiros mirins, do Tio Patinhas, do Professor Pardal e do Lampadinha, do SuperPateta e os seus amendoins...
Alguns anos depois descobri os X-Men por acidente. Ainda me lembro do primeiro livro que comprei. A saga da Dark Phoenix em versão brasileira, um dos marcos dos comics americanos. A partir daí foi o vício completo, ele eram os X-Men, os Quarteto Fantástico, a JLA (na fase do Bwa-ha-ha), a Tropa Alfa, ... tudo em brasileiro. Depois passaram a ser editados em Português mas foi sol de pouca dura. Ainda assim de vez em quando tinha acesso a uma ou outra loja que trazia os comics na versão original. Aliás foi assim que conheci grandes livros como V for Vendetta, Watchmen, LEG, The Dark Knight Returns, Sandman, Kingdom Come... e outros de temática mais madura (e por madura eu não quero dizer pornográfica).
Agora já não tenho muito tempo para os comics. Mas o bichinho continua lá, por isso de vez em quando é ver-me rumar à Amazon.Co.UK e actualizar-me com os paperbacks das séries que vejo têm tido boas reviews. Acabei à pouco o Y the Last Man, que recomendo vivamente. Experimentem esta leitura alternativa, vão ver que não se arrependem. Andam por aí coisas aos quadradinhos muito boas.

A música


Como já estava a ficar farto do Last.Fm porque me atrasava o blog, mudei para o SeeqPod. Assim podem continuar a ouvir as minhas cantilenas favoritas sem o arrasto que era o outro. Boas audições!
Ah e para ouvir música no trabalho também me parece muito bom.

23/03/2008

A canjica


Este ano tive uma Páscoa original. Um casal amigo convidou-me para o almoço de Páscoa deles para comemorar o nascimento da sua filha mais nova. Ora este casal é brasileiro, e o meu amigo era cozinheiro antes de imigrar para Portugal. Assim, o almoço prometia.
Tudo começou com carne grelhada com fartura à boa moda brasileira acompanhada de mandioca cozida e de uma saladinha com um molho especial brasileiro que faz qualquer vegetariano comer e chorar por mais. Tudo isto regado por um suco de frutas delicioso. (comprimidos e vinho não funciona para muita infelicidade minha)
Para a sobremesa foi uma deliciosa canjica. Sobremesa típica brasileira, feita com milho, amendoim, leite de coco. Pode-se dizer que é ligeiramente parecido com o nosso arroz doce, mas mais liquido e exótico. Bem, ficou para repetir.
É claro que o melhor de tudo foi a amena cavaqueira. O quentão (bebida também típica destas andanças) ficou prometido para uma próxima vez.


Canjica

A rapidez


Passou que foi um pulinho estas mini-férias. Quinta-feira devido à tolerância de ponto dos funcionários públicos a empresa onde trabalho deu-nos a tarde de folga. Como qualquer boa empresa que se preze, aproveitam o tempo extra para combinar uma actividade de grupo. Eu para não ser (mais) apelidado de anti-social vou arrastado também. A sério que não sou anti-social, mas depois de passar 40(+) horas por semana sempre com a mesma gente, às vezes sabe bem alguma distância. Não é nada pessoal. Mas pronto, assim lá vamos para o laserquest onde um dúzia de adultos correm atrás uns dos outros com pistolas de luzinhas e brincam às guerras. Pá, pessoal, se não doi não tem piada.
Assim que me consegui escapulir foi voltar para casa fazer algumas limpezas de primavera e passear os bobies que já me imploravam para os levar a esticar as pernas. À noite veio mais uma consulta médica. Acho mesmo que deviam criar um cartão de descontos, para clientes assíduos, tipo os da galp que dão pontinhos e podemos trocar por inutilidades e nos fazem pensar que somos menos roubados.
Na sexta-feira como é dia santo e se tem de respeitar, foi nanar. De manhã esticar as pernas com os bobies e à noite um cafézinho com amigos.
No sábado foram as tradicionais compras da páscoa e uma reunião dos Pedras Soltas a preparar as actividades para este ano. E que actividades vão ser! Fiquem atentos.
Estes dias passaram tão rápido. É o que parece acontecer quando correm bem.

22/03/2008

Culto dos 00



Goldfrapp - A&E
It's a blue, bright blue Saturday, hey hey
And the pain is starting to slip away, hey hey


Não está um dia muito bonito mas pronto...

19/03/2008

A contestatária


Já vos disse que adoro a Mafalda?
É daqueles livros intemporais que leio e leio e nunca perdem o significado. De facto já conheço algumas tiras de cor. Mas ainda assim não consigo evitar a gargalhada. Foram os 15€ mais bem empregues que já dei por um livro. Se puderem comprem. É mesmo intemporal.

18/03/2008

O culto dos 90



Portishead - Roads
Pois é, já lá vão 14 aninhos que esta pérola saiu. Na altura andava mais preocupado com outras batidas. Só em 98 descobri aquele que para mim é um dos melhores álbuns ao vivo de sempre. O Roseland NYC Live, se puderem procurem esta pequena maravilha. Escolhi a Roads, como podia ter escolhido a Glory Box ou a Over. Não interessa.
Não é um álbum para ouvir todos os dias. Mas nos dias em que é para ouvir não há nada melhor.
Para os mais desatentos, vai sair no dia 28 de Abril o novo álbum deles, o Third. Não sei se vou comprar. Acho que é muito depressivo (até mesmo para mim). Já tenho o Live, o resto é paisagem.

A pulga


Estava a enfiar mais um comprimido para as goelas ainda com o que li no Guia de Campo na cabeça quando me lembrei do caso da pitiríase. Desde esse dia que desconfio de todos e quaisquer comprimidos que me sejam receitados. Mas vou-vos contar esta minha odisseia.
Há uns anos atrás ao sair do banho, olho para a minha barriga (na altura menos flácida e com menor pilosidade) e reparo numa mancha rosada, não liguei e comecei a dançar com a gilete em volta das minhas bochechas. Já com a cara limpa olho e vejo outra mancha. Pensei "Putas das pulgas", não que a minha higiene seja má ou viva num pardieiro, mas qualquer dono de cão ou gato sabe que uma pulga em casa é tão inevitável como o IRS. E não há Frontline que nos safe! Haveremos sempre de apanhar uma ferroada.
Em dois ou três dias as manchas foram-se multiplicando, uma atrás da outra, mas como não tinha qualquer sintoma nem liguei. Pensei, deve ter sido algo que comi ou mais uma alergia estúpida. A minha mãe olhou para mim de relance, aponta imediatamente para uma dessas manchas que despontava no meu pescoço. E pergunta "Que é isso que tens no pescoço?!?" (as mães têm este dom). As manchas até nem tinham muito mau aspecto, não eram úlceras as escorrer de puz, ou bolhas de líquido viscoso. Eram simples manchas rosadas. Eu respondi que devia ter sido algo que comi que não faziam comichão nem sentia qualquer coisa de estranho. Claro que fui logo recambiado para o médico mais próximo. A médica olha para mim e diz "uuuuuhm" seguido de um "Tome este antibiótico por oito dias!". Passa-me a receita e envia-me para a farmácia mais próxima.
Ao segundo dia os efeitos do antibiótico já se faziam sentir, as dores no corpo já se tinham instalado, a falta de apetite já era bastante e andava que parecia que tinha feito a maratona. As manchas essas continuavam a despontar alegremente quais magnólias em fim de inverno. Uma aqui e outra acolá, completamente indiferentes ao antibiótico que também já me trazia os seus distúrbios intestinais.
Passados oito dias dei graças a deus ter terminado tais vis comprimidos, mas lá vem outra vez o infame dedo indicador "Ainda não passaram as manchas! Volta já para o médico! Isso não é normal!". Eu que até já me tinha habituado a estas pequenas tatuagens lá voltei esperando encontrar a mesma médica para lhe dizer "Olha, o raio da panaceia que me receitou fez tanto como a c*** da prima.", mas não, desta vez foi um médico que me atendeu.
Contei-lhe a história das tais manchas que apareciam e do antibiótico que só me tinha feito mal à tripa. Ele perguntou como eram as manchas, ao que eu respondi que eram rosadas, com a pele meia seca no meio quando já estavam defuntas. Ele soltou um "Ah", que me fez estremecer ao imaginar uma injecção de penicilina ou mais oito dias em que teria muitas oportunidades de meter a leitura de casa de banho em dia. "Isso é benigno" diz, ao que eu perguntei "Mas não quer ver as manchas?", ele sorriu e disse, "Mostre lá então" seguido de um "Pois, é mesmo isso, é benigno e sazonal. Ninguém sabe muito bem a causa. Mas aparece nesta altura." ao que eu perguntei, mas que raio de doença era esta que me afligia. Não fazia sintomas que notasse, simplesmente apareciam as tais manchas rosadas. "Pitiríase rósea" retorquiu e mandou-me largar o antibiótico e esperar que passasse. Eu assim fiz. Não sem antes mandar uns impropérios mentais valentes à porcaria do antibiótico. O certo é que passou.
Os meus amigos esses é que riram à fartazana, e desde então quando aparecer alguma doença de nome estranho é "olha, o blue é capaz de já ter tido isso". E assim nasceu a minha reprovação a tudo o que sejam comprimidos. Um dia destes conto-vos a história das minhas injecções de penicilina, para todos os sádicos leitores do meu blog.

16/03/2008

Culto dos 90



Somewhere Out There - Linda Ronstadt e James Ingram
Lembrei-me desta no outro dia. Da banda sonora do filme "Fivel - Um conto americano" ou "An american tail". O filme tornou-se um clássico da animação e a música um clássico dos noventa. (Vêem como nem tudo neste blog é doom n gloom!)

A orquídea


Este fim de semana estive com a neura. Não me apetecia estar com ninguém nem ver ninguém. Minto, por volta das 9 da noite de sábado ainda me apeteceu dar um pulinho a lado qualquer. Mais concretamente beber um abafado na barquinha. Falo com a Lu e prometo passar dentro de uma hora. Mas um dia inteiro passado no mato trouxe alguma sequelas, já que a minha conhecida relação amor/ódio com os pinheiros deixou algumas mazelas. Meto um Zirtec para as goelas sem pensar, a ver se os sintomas diminuíam algo que já faço de forma quase automática.
Bem me tramei, não pensei nos efeitos secundários, deito-me no sofá para uma power-nap e passado um bocadinho acordo preparado para beber um abafado e dar dois dedos de conversa. Olho para o relógio, duas da manhã, pensei, deve estar avariado, não dormi assim tanto! Olho para o outro relógio e confirma-se. São mesmo duas da manhã. Ainda com a baba a escorrer arrasto-me para a cama para terminar o que sem querer havia começado.
Safou-se o passeio de sábado, a ver se com o sol que estava reestabelecia os níveis de vitamina D e de seratonina. O nível de vitamina D ainda subiu, a seratonina é que não tenho tanta certeza. Mas valeu a pena, ainda vi os triturus de crista erecta, umas natrix (quando é que eu aprendo a não lhes pegar?!?), Psammodromus q.b. e muuuuitas orquídeas. Estas sim foram o ponto alto do fim de semana, ele foi as omnipresentes Barlia robertiana, as compactas Anacamptis pyramidalis, a estranha Serapias lingua, a tímida Cephalanthera longifolia e muitas outras. Os cães agradeceram o passeio e eu também. Já me fazia falta!

13/03/2008

A busca

Desde que instalei o statcounter tenho tido informações hilariantes sobre os visitantes deste humilde estaminé. Deixo aqui alguns exemplos das buscas que são feitas no google e que aqui vêm dar:

- comospesnaterra olho do cu: Nota-se que sou querido dos meus amigos ...
- anfibios do mar: Desta variedade não conheço. Será que há todo um mundo de anfíbios que me está a escapar?
- cai a noite na aldeia: Quiçá o melhor jogo de festa de sempre (se bem que a dri discorda de mim)
- vendedores de separadores de gotas: Que raio é isto? Como raio se separa uma gota?
- tampas para chaminés: Que raio?!?
- garrafinhas de favaios: É bom não é?
- criadouro de anfíbios: Já não bastavam os de cães, ainda mais de anfíbios!
- estação meteorologica lidl: Os fãs andam aí!
- separadores de mesa - casamentos: Devem pensar que isto é a revista Maria...

e o vencedor absoluto
- ti maria dos queijos: A atingir fama de forma internacional! Quando lá voltamos malta?

10/03/2008

Culto dos 90



Joan Osborne - One of us
Ontem ouvi esta no VH1. Já fazia uns anitos que não a ouvia. Tem um dos melhores videoclips de sempre (IMHO). E eu até nem sou religioso, mas pronto. Já dizia Alberto Caeiro:

Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.

(...)

E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?),
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda a hora.

Alberto Caeiro, em "O Guardador
de Rebanhos".


Pronto, eu largo o livro de Alberto Caeiro. Prometo! E não há mais poesia nos próximos seis meses!

A minha aldeia


Da minha aldeia vejo quando da terra se pode ver no Universo....
Por isso a minha aldeia é grande como outra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...

Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a única riqueza é ver.

Alberto Caeiro, em "O Guardador
de Rebanhos".


Eu já vos disse que adoro o sítio onde vivo? Mesmo que isso implique 100 kms de carro para ir e vir do trabalho? Sim, e Alberto Caeiro, mas isso quem me conhece já sabe. É da pouca poesia que consigo ler. Quando for grande quero ser como ele (menos a parte de morrer aos 26 anos). Mas acho que não estou muito em perigo disso. Só se for na próxima vida.

09/03/2008

Os ecos


Depois da barrigada de porco foi altura de ir assistir ao concerto da banda de um bom amigo que ia voltar aos palcos depois de vários anos afastados deles. A banda é Echoes of The Fallen Messiah, se o nome soa um pouco estranho é porque não estão habituados às lides de black metal. Para quem não conhece black metal é um tipo de metal com voz de autoclismo, muitas guitarras, umas teclas melodiosas e muitas referências ao anticristo, capazes de por qualquer prior a gritar heresias.
Já fazia uns anos que não assistia a um concerto de metal, acho que o último mesmo foi já em 2003 e se não me engano era um concerto desta mesma banda. Se acham estranho black metal não constar na secção de cultos deste diário é porque black metal foi uma fase. Ouvi por uns tempos, conheci umas bandas novas e tal, ouvia o que esse meu amigo fazia e pouco mais. Para o final foi ficando o gosto de visitar algumas actuações ao vivo, mas na playlist não consigo suportar mais de 15 minutos seguidos. Não que por falta de qualidades da música, mas porque só consigo aguentar a voz de descarga de autoclismo por esse tempo até os tímpanos começarem a dar sinal si.
A ida ao concerto fez-me retornar aos tempos de universidade e de headbanging. Não nunca tive cabelo comprido, e headbanging foi talvez a única coisa que me fez equacionar a hipótese. É muito mais "fixe" quando se tem uma farta cabeleira que se faz girar até ficarmos zonzos. Desta vez no entanto o álcool ficou afastado, já que o porco comido anteriormente dava sinais de ressuscitação a bebida de eleição foi então a já famosa água de arrotar, que para quem não conhece é a água das Pedras (como alguém me pediu quando trabalhava no restaurante e tive de perguntar o que raio era água de arrotar).
Do concerto ficou os amigos reencontrados, a boa música, (sim eu sei, é relativo mas eu gostei bastante e até tocaram as minhas duas favoritas), os momentos bem passados e os ouvidos a zunir.
Bem, acho que já chega de tanto escrever que já não estou a fazer sentido, para quem quiser conhecer a banda podem fazê-lo aqui.

O porco


Depois de acharmos que já tínhamos perdido o suficiente na vaquinha do euromilhões decidimos lá na empresa investir os nossos parcos retornos num ajuntamento. As alternativas eram as do costume, o karting, o laserquest, o paintball, o passeio de bicicleta, enfim todas aquelas coisas que se costumam pensar fazer em ajuntamentos de pessoal da empresa (a sério pessoal têm de começar a ter ideias mais giras).
Desta feita quem ganhou foi o porco no espeto, essa instituição da cozinha portátil em Portugal a par das rolotes de bifanas e de farturas. O local escolhido foi a praia do Vale Furado, na casa de férias de um colega de trabalho. O resto do dia foi passado a comer muitas fatias de carne de porco a pingar de gordura e molho no pão, com menção honrosa para o picante que segundo alguns lhes causou dormência nos lábios por algumas horas. Eu acho que estavam a ser exagerados. O picante estava mesmo no ponto.
Para remoer a barriga nada melhor que umas brincadeiras de futebol no pinhal. O car**** do pólen dos pinheiros é que deu cabo de mim, tanto que ainda hoje estou mais choroso que uma sexagenária na procissão das velas em Fátima.
Não faço ideia de quem se lembrou de criar esta história de Porco no Espeto, tradição que de certo terá na sua origem alguns laivos de sadismo e crueldade animal. O inegável é que se tornou a maneira mais fácil e rápida de alimentar meia centena de tugas e de os manter ocupados pelo resto do dia.

05/03/2008

Culto dos 00


Goldfrapp - Utopia
E para comemorar o centésimo post cá fica uma musiquinha de um álbum (Felt Moutain dos Goldfrapp) que inevitavelmente encontra caminho para a minha playlist. Um misto de trip-hop/downtempo, é muito agradável de ouvir.
E diz-se por aí que já saiu o novo álbum, o Seventh Tree. E diz quem ouviu que está muito bom. Para quem quiser saber do que estou a falar podem sempre dar um pulo ao myspace da banda. A primeira música a Clowns é excelente (ainda não deu para ouvir muito mais).

Os esquilos


Uma amiga minha teve a felicidade de criar esquilos terrestres de richardson (Spermophilus richardsonii). Com o dedo rápido no gatilho conseguiu disparar esta pequena maravilha capaz de derreter os corações mais gélidos.